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A 'mina' de Sampa

As memórias de Rita Lee na Vila Mariana e seu legado estampado nos murais do bairro


Por Júllia Zequim e Ruan Teixeira


Ousada, corajosa e um caso raro de honestidade feroz. Simplórios são os adjetivos quando se tratam da cantora Rita Lee, que dispensa apresentações. A rainha do rock pode não ter morrido do coração, mas deixou muita gente feliz com seu legado irreverente na cultura popular brasileira. Seus rastros ainda estão presentes em cada canto do Brasil, principalmente nas ruas da Vila Mariana, onde ela nasceu e cresceu. Quem passa pelo bairro, atualmente dominado por bares, prédios e universidades, pode reparar a essência de Santa Rita de Sampa estampada em murais e paredes de edifícios, em ruas que traduzem sua história. 

Em entrevista para o Metrópoles, Edgar Scandurra, guitarrista da banda ‘Ira!’ e amigo próximo da cantora contou sobre o sentimento que essa figura do rock psicodélico paulista deixou. “Não sei o porquê, mas todo morador tem um orgulho danado do bairro. Acho que o fato de a Rita ter morado na Vila Mariana era mais um motivo para todos nós termos orgulho.” 

Os caminhos da rainha do rock

Foi no casarão da rua Joaquim Távora que Rita aprendeu a falar sua primeira palavra. Lá, a caçula de três irmãs se divertia colando posters nas paredes e fazendo o porão virar, segundo ela relata no livro, o “Planeta Lee”. A Vila Mariana também foi palco das trapalhadas e confusões de Rita na infância e na adolescência. Durante os intervalos de educação física no colégio Liceu Pasteur, na rua Mairinque, fazia xixi no sapato das colegas, enquanto no tempo livre, passeava na caixa d’água do bairro, planejando jogar entorpecentes, conforme conta na autobiografia. 


Apesar de ser uma rebelde sem causa, a jovem frequentava a igreja com a família, onde marcavam presença toda semana. Fez a primeira comunhão, crisma e assistia às missas em latim na igreja Santo Inácio de Loyola. Rita conta em seu livro que frequentava a paróquia de Nossa Senhora da Saúde com a irmã Virgínia, aprontando diversas travessuras. 


Em 1975, se mudou para a rua Pelotas, onde começou seu namoro com Roberto de Carvalho e dois anos depois, grávida de seu primeiro filho, foi presa "injustamente" - relata a cantora - e considerada um mau exemplo para a juventude após alguns “megalhas” plantarem cannabis na casa. Depois de ser vigiada em prisão domiciliar, Rita se mudou para um apartamento na rua Eça de Queiroz. Lá, ela e Roberto escreveram a primeira música juntos, ‘Disco Voador’.


Segundo o UOL, Rita visitou o bairro em 2020, retornando ao seu castelo encantado da Joaquim Távora, relembrando locais especiais e pessoas que marcaram sua história. 


O legado

A frente de seu tempo, única e semota da realidade social, Santa Rita de Sampa se tornou um símbolo divino, deixando de herança um acalento além do carnal: uma memória viva na saudade de cada brasileiro. Seu vínculo afetivo com a região será eternizado na “Praça da paz - Rita Lee”, no Parque Ibirapuera, lugar que a caçula da família considerava mágico para acampamentos e piqueniques.  "Um belo dia bateu uma baita saudade da Vila Mariana.” E todos os dias, o bairro sente uma baita saudade da mulher que rompeu o espaço da vila para o mundo.





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