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Como o jornalismo pode contribuir no fortalecimento do movimento estudantil

Atualizado: 17 de abr. de 2023

Ativistas falam sobre o jornalismo como uma forma de propagação das pautas de interesse público


Por: Pedro Negri, Márcio Thomaz e Lucas Medina


O movimento estudantil é uma força importante na defesa dos direitos dos estudantes e da qualidade do ensino no país. Seja na luta contra o aumento das passagens, pelo passe livre, por melhores condições nas universidades ou contra a precarização do trabalho docente, os estudantes têm se mobilizado para garantir que suas demandas sejam ouvidas e atendidas.


Carina Vitral foi presidenta da UNE (União Nacional dos Estudantes) entre os anos de 2015 e 2017, e auxiliou em grandes lutas que o movimento estudantil ajudou a enfrentar nessa época, como a Primavera Feminista, a onda de ocupações contra a reorganização do ensino médio e o movimento a favor do passe livre. Segundo Vitral, apesar de “existir um jornalismo em que a grande mídia empresarial está unida contra os estudantes”, há também uma mídia disposta a ajudá-los.


Carina Vitral em ato na cidade de Goiânia, em 2015 / Foto: Arquivo Pessoal


Segundo Vitral, através de reportagens, entrevistas, análises e opiniões, os jornalistas podem contribuir para a disseminação das reivindicações dos estudantes e para a ampliação do debate público sobre a situação da educação no Brasil.




Uma das principais formas de atuação do jornalismo em relação ao movimento estudantil é a cobertura de manifestações e protestos. Entender o tema, os motivos e onde os movimentos querem chegar é essencial para expor a informação para a sociedade, tomando como ponto de partida a voz de líderes estudantis, manifestantes e autoridades.


É o que diz Bárbara Melo, ex-presidenta da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas). Para ela, os jornalistas precisam explorar a pauta para além do evento e entender as reivindicações gerais do movimento. Durante sua gestão, uma das pautas do movimento estudantil foi contra a redução da maioridade penal. Para Melo, houve erros dos serviços da mídia na época, pois a disputa pela pauta prejudicou e desmobilizou atos promovidos pela UBES.


Bárbara Melo no Senado, contra a redução da maioridade penal, em 2016 / Foto: Arquivo Pessoal


Indo além da cobertura de atos e protestos, o jornalismo pode também trabalhar com a produção de reportagens, análises e documentários sobre questões relevantes para a educação. Produções como essas podem trazer o tema para o debate público, como forma de sensibilizar a população quanto à importância do debate sobre a qualidade da educação no país.


Um grande exemplo é o documentário “Espero Tua (Re)Volta”, dirigido pela comunicadora Eliza Capai e lançado em 2019. A produção fala sobre as ocupações secundaristas de 2015, em que os estudantes do ensino médio protagonizaram atos contra a reorganização escolar e o fechamento de escolas. Durante o documentário, Capai promove entrevistas diretas não só com os estudantes e manifestantes, mas com políticos e agentes públicos envolvidos na história.


Secundaristas em ato contra a reorganização escolar, em 2015 / Foto: Arquivo Pessoal


Os veículos de comunicação podem dar espaço para que os próprios estudantes se manifestem e expressem suas opiniões e ideias. Por meio de entrevistas, artigos e cartas dos leitores, os estudantes podem compartilhar suas experiências, demandas e propostas, de forma a contribuir para um debate mais plural e democrático sobre a educação. A Mídia Ninja, por exemplo, incluiu em seu grupo os “Estudantes Ninjas”, um espaço destinado especialmente para alunos que desejam falar sobre as pautas dos movimentos.


Bruna Brelaz, a atual presidente da UNE, bate o martelo em relação ao tema o jornalismo como ferramenta do movimento estudantil, ao afirmar que: “o jornalismo deve usar da influência que tem para mobilizar mais alunos para a causa estudantil”, pois, segundo ela, “a imprensa leva as pautas para o debate público e, assim, pautam agendas governamentais”.




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