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De outra perspectiva: No mês da mulher, agenda cultural expressa empoderamento, cores e ancestralidade nas Fábricas de Cultura (SP)

Atualizado: 4 de abr.

As artistas Crica Monteiro e Fany Lima grafitam a fachada da Fábrica de Cultura do Capão Redondo. Ordalina Cândido expõe suas obras na Fábrica de Cultura de Diadema.


Graffiti na fachada da Fábrica de Cultura do Capão Redondo (Reprodução)


No início do mês de março, iniciou-se a renovação do mural do prédio da Fábrica de Cultura do Capão Redondo. Crica Monteiro é grafiteira, ilustradora e foi a desenvolvedora do projeto artístico ao lado de Fany Lima, que é artista visual, escritora de rua e arte-educadora. As duas foram as artistas convidadas para realizar a obra.


As Fábricas de Cultura de Diadema e Capão Redondo – da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo e gerenciadas pela POIESIS – destacam, no mês de março, projetos artísticos produzidos por mulheres negras e periféricas.


A linguagem do Graffiti, assim como outros elementos do movimento Hip hop, está presente em intervenções e oficinas realizadas pelas Fábricas de Cultura. Em 2021, o artista plástico e grafiteiro Robinho Santana pintou um mural na fachada da 

Fábrica de Cultura Diadema, destacando a marginalização dos corpos negros e o direito à educação. No ano seguinte, a Fábrica de Cultura do Jardim São Luís realizou, no teto superior do teatro, um graffiti da artista Nene Surreal, a pioneira do ramo em São Paulo.


Para o site de mídia independente “Manda Notícias”, Fany Lima disse:


“Antes de existirem as Fábricas de Cultura, no território “já existiam as fábricas de cultura”, que eram os saraus, os núcleos de Hip hop, as batalhas, capoeiras, os terreiros, enfim. E aí, a gente também entende isso como tecnologia. Tecnologia de sobrevivência, tecnologia de ancestralidade, tecnologia de conhecimento”. 


Seguindo a cultura local, as Fábricas de Cultura seguem trazendo artistas do Graffiti para imprimirem o movimento artístico em seus prédios e fachadas, destacando a identidade estética das periferias da cidade. 


Na região do grande ABC, na Fábrica de Cultura de Diadema, a exposição “Empoderamento em Cores” da artista plástica, empreendedora social e arte-educadora Ordalina Candido, nos transporta para o interior das raízes brasileiras. São retratados em suas obras, quilombos urbanos, histórias de pessoas e comunidades, com ricos detalhes nas cores e traços da população negra.


A produção artística de Ordalina atravessa continentes, tendo suas obras apresentadas em diversos países da Europa e Oceania. Ainda assim, ela preferiu manter seu ateliê no Jardim Inamar, periferia de Diadema e onde mora, como uma forma de manter a relação afetiva com a comunidade local. 


Com temas sobre raízes ancestrais, que relembram grandes nomes da história, além de expressar contextos urbanos, como as favelas, a artista pinta com pincéis, panos e unhas em pedaços de madeira. Sua representação de Anastácia Livre, feita sobre um pedaço de guarda-roupa inutilizado, imprime tais técnicas.


Ordalina em seu ateliê no qual ministra aulas de pintura em Diadema (Foto:Celso Luiz/DGABC/Reprodução)


O social, inclusive, é tema principal na narrativa da artista, que acumula passagens ensinando arte em locais como a Fundação Casa e na organização social Rede Cultural Beija-Flor. Hoje trabalhando no Projeto Sensorial, de ensino de arte em São Bernardo, Ordalina ressalta a importância do impacto social para sua volta às artes, há 20 anos.


Em uma entrevista sobre sua trajetória para o jornal local “Diário do Grande ABC” a artista disse:


“Sonho em ver um mundo feliz, bom e com pessoas felizes, por isso levo a arte, de qualquer tipo. Sei que, o que sonho, muitos sonham também"


A exposição conta com um espaço interativo e o público pode explorar a criatividade individual, além de se aprofundar na história da artista plástica. 


O período de visitação é de terça a sexta-feira, das 9h às 19h e sábado das 9h às 17h. A exposição ficará disponível até 17 de abril. 


Para mais informações, acesse o site das Fábricas de Cultura.


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