Diálogo reuniu profissionais de diferentes segmentos da área que conversaram com alunos da FAPCOM sobre vivências e expectativas do mercado
Vitória Rosendo e Filipe Pereira
Especial para o EntreFocos
A edição do Diálogos da Comunicação 2024, realizada na FAPCOM (Faculdade Paulus de Comunicação), no dia 28 de outubro, reuniu profissionais de diferentes áreas da comunicação que compartilharam experiências e interagiram com os alunos sobre as dinâmicas do Jornalismo, do Rádio, TV e Internet, da Fotografia, Multimídia e da Produção Audiovisual. Com o tema “Tendências do mercado: do tradicional ao hipersegmentado”, o evento contou com a presença de especialistas de veículos de massa, do streaming e da mídia segmentada, que debateram a rotina e o futuro da comunicação social.
No período da manhã, a radialista e integrante do núcleo de direção do programa “A Hora do Faro”, Aliny Mariano, compartilhou detalhes do dia a dia da produção de produtos culturais. Ela também explicou que, atualmente, a inteligência artificial é amplamente utilizada e possui um papel essencial na produção de projetos culturais.
Segundo a profissional, enquanto antigamente a equipe montava fisicamente os cenários, um trabalho que passou a ser realizado por cenógrafos e produtores de arte que criam os ambientes virtualmente, utilizando programas de inteligência artificial. “A gente montava o cenário, hoje em dia não usamos mais. A inteligência artificial não vai tirar o trabalho das pessoas, vocês precisam se adaptar, estudar e conhecer”, relatou.
O fotojornalista independente José Luis da Conceição destacou que, embora a tecnologia traga muitas contribuições para o campo, ela não substitui a presença humana. "A inteligência artificial vai ajudar muito, mas se não tiver o repórter fotográfico, no meio de um conflito, não há inteligência artificial que vá fazer o trabalho do fotógrafo.”
O encontro contou com a participação de outros importantes profissionais, incluindo Priscila Quintal, produtora que atua em projetos da Disney+ e palestrou sobre as tendências no ambiente do streaming. A especialista reforçou a necessidade do trabalho em parceria. “Na nossa profissão, um depende do outro. Muito bom quando diferentes áreas da comunicação se conectam para discutir como podemos melhorar as nossas rotinas”, dividiu a radialista e jornalista.
O diretor de fotografia e captação na Rede Globo, Edu Gonzalez, participou do evento nos dois períodos e comentou as dificuldades da profissão, focando na importância de todas as experiências durante a carreira, sobretudo a respeito da necessidade do aprendizado constante quando o assunto é novas tecnologias.
Edu também ressaltou que mesmo os “pequenos” são de extrema importância na carreira e que cada detalhe constrói a jornada no mercado de trabalho. “Acumulem quilometragem no sentido profissional. Não achem que aquele pouco que vocês estão vendo agora não vai ser usado em algum momento da vida de vocês. Todos os detalhes vão ajudar nessa trajetória daqui pra frente.”
Locutor e apresentador da TNT Sports e da TV Palmeiras – FAM, o ex-aluno da FAPCOM, Luiz Carlos Jr., comentou sobre a chance de experimentar e poder errar durante a graduação, destacando a importância de participar de todas as experiências possíveis para se aprimorar. O profissional incentivou os alunos a "sonharem alto" e a se "desafiarem" para alcançar objetivos.
“Se eu posso deixar uma mensagem aqui hoje é que vocês nunca desistam daquilo que vocês mais querem pra si mesmos e lutem. Se tiverem de correr riscos, corram, porque eu garanto que não vai ter arrependimento nenhum, mesmo se dali a um tempo você disser ‘eu não alcancei’. Mas tentar te dá uma satisfação que o não tentar e ser omisso não traz”, orientou o egresso.
COMUNICAÇÃO PROPOSITIVA - Membro do Quilombarte, coletivo de Paraisópolis que produz obras audiovisuais focadas na periferia, Juliana Cerqueira, conversou com os alunos sobre a importância da visibilidade das comunidades por um viés positivo, sem o foco na criminalidade. Para exemplificar as possibilidades, o grupo reforçou o trabalho da entidade nas parcerias com órgãos públicos e políticas de fomento para a produção de conteúdos propositivos, como o curta-metragem “Com você, eu vou”, produzido pela equipe, que retrata a história de dois jovens negros LGBTQIA+ que se encontram e desenvolvem um relacionamento afetivo no contexto da favela.
O filme foi lançado em 2024, com o apoio do programa VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), que oferece suporte financeiro a coletivos culturais em São Paulo. “Com os incentivos, gente consegue comprar equipamentos para a produção e também ajudar a comunidade [como o auxílio para empreendedores da região]. E é importante estar sempre perto dos órgãos de cultura para fechar parcerias para esses projetos”, relatou Juliana.
Segundo o assistente de direção do coletivo, Elissandro dos Santos, a peça busca dar visibilidade às vivências e afetos LGBTQIA+ em espaços periféricos, onde esse tipo de representatividade ainda é reduzida, além de mostrar que a periferia não é marcada apenas pela violência. "O projeto é totalmente voltado para música, sem mostrar essa violência que existe. A gente sabe que existe, mas não é só isso", enfatizou.
Jornalismo especializado: ética na apuração de coberturas policiais
Com mais de 45 anos de experiência, o repórter especial e colunista do Uol, Valmir Salaro, comentou sobre sua trajetória no jornalismo e os casos marcantes na carreira. Especialista em coberturas policiais, o conhecido repórter do Fantástico – da TV Globo – ressaltou o quanto ainda aprende com colegas de profissão, como os que estavam presentes no debate. O jornalista destacou a importância do trabalho em equipe nas produções para a boa execução de uma reportagem.
Salaro comentou também as dificuldades nas coberturas policiais e reforçou como o respeito deve sempre prevalecer. O profissional ainda deu dicas sobre a necessidade de manter suas convicções de lado durante a execução de qualquer reportagem, sem qualquer julgamento. Para o repórter, é essencial checar todas as informações, uma premissa no jornalismo para evitar erros, como o caso da Escola Base, que marcou a sua careira e o faz “refletir todos os dias sobre ética e responsabilidade” na apuração.
“Eu acho que eu sou como qualquer outro repórter de qualquer outra área, mas a nossa área mexe com a emoção, com a violência, pega as pessoas no momento mais dramático, quando elas perdem alguém, são violentadas, são agredidas ou são assaltadas. Então, acho que deveria ter no jornalismo um ramo que falasse sobre o direito criminal e também um trabalho psicológico para quem vai enfrentar essas situações e está disposto a isso”, destacou Valmir Salaro.
‘Radialista e jornalista devem estar onde o conteúdo estão’
Membro da produção de marketing da Record TV e ex-aluno de RTVI da FAPCOM, Pedro Henrique da Silva bateu um papo com os alunos sobre as observações feitas no mercado de trabalho e a importância do radialista e jornalista em setores pouco explorados por essas funções, como a parte de criação no marketing. Para o especialista, esses segmentos podem abrir novas perspectivas aos recém-formados.
Para Pedro, o desconhecimento de diferentes áreas ou o pensamento de apenas trabalhar em um setor específico fazem com que profissionais não ocupem um espaço que, muitas vezes, necessita deles. A partir de exemplos sobre conhecimento da linguagem de produtos específicos, o radialista citou o caso de programas informativos que buscam exibir marcas e produtos por conta do caráter de seriedade e confiança que transmitem à audiência.
“Eu defendo muito que o radialista e o jornalista devem estar onde o audiovisual e o conteúdo estão. Vocês não precisam estar só na redação, só na reportagem ou só na operação, existe conteúdo independentemente de onde seja, numa emissora de TV, ou em uma empresa de logística, se ali houver produção de conteúdo, vocês podem estar. Não se coloquem em caixinhas, procurem descobrir novas funções”, orientou.
Acompanhe mais fotos do Diálogos da Comunicação 2024:
Comitê de eventos do curso de Jornalismo
Supervisão: Profa. Rita Donato
Kommentare