Políticas públicas voltadas à saúde da população que vive nas periferias e formas de melhoria dos serviços prestados foram tema do encontro
Por: Bruno Mengato e Laura Pereira
No último dia 2, ocorreu o Fórum de Saúde das Periferias, organizado pela Fiocruz, na Bahia, com a presença da diretora da FioCruz, Marilda Gonçalves, e do assessor do Ministério da Saúde, Valcler Rangel. Durante o evento, foram discutidos planos de ação para que a rede pública possa ajudar a população de menor renda de forma eficiente. Isso porque um levantamento de dados feito pela Rede Nossa São Paulo comprovou que a expectativa de vida muda quando se compara bairros com elevadas diferenças de poder aquisitivo da população.
O assessor do Ministério da Saúde, Valder Rangel, relatou para o portal de notícias da FioCruz Bahia sobre os esforços da pasta de construir um modelo de atenção à saúde em favelas e demais populações marcadas por desigualdades. “A experiência que a gente teve nesse período de pandemia, no qual nós fomos obrigados a aprender tanta coisa, traz para gente uma necessidade de pegar esse aprendizado e voltá-lo para o enfrentamento da desigualdade, do racismo, da misoginia, LGBTfobia e tantas outras questões como temas centrais”.
Para Luci Gois, representante da Secretaria de Assistência Social da Bahia, há necessidade de se dialogar diretamente com as comunidades, para que sejam construídos projetos e ações que atendam às demandas da população. “Sem esse contato não dá pra fazer política pública. As comunidades estão o tempo inteiro lembrando ao Estado qual o seu papel dentro da estrutura de um país, e sem esse diálogo efetivo as políticas públicas desenvolvidas não fazem sentido”.
Segundo o Mapa da Desigualdade da Rede Nossa São Paulo 2022, o Alto de Pinheiros, área nobre da Capital Paulista, por exemplo, possui expectativa de vida de 80,9 anos. Já moradores da Cidade Tiradentes, bairro da periferia da Zona Leste, não chegam sequer à terceira faixa da terceira idade, ou seja, a expectativa de vida é de 58,3 anos. O que reflete no atendimento básico de saúde, ao gerar uma grande carência de postos de saúde equipados, com médicos e medicações, em bairros de maior vulnerabilidade social.
A enfermeira Letícia Maragno, que atua na UBS Flor de Maio, localizada no Jardim Tremembé, bairro periférico da Zona Norte de São Paulo, fala que os grandes motivos para as lacunas no sistema de saúde são a valorização salarial e a sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde. “Nós ficamos sobrecarregados e a demanda só tem crescido. A área tem crescido e a população tem crescido cada vez mais. O trabalho só tem aumentado. A gente não consegue dar conta de ofertar uma atenção ao paciente, como se deveria. Uma atenção primária de saúde.” Para ela, a falta de educação básica e a barreira linguística também interferem no atendimento médico. “Tenho pacientes que não sabem ler e nem escrever. É difícil fazer uma prescrição, pois o paciente não saberá tomar o medicamento. Além disso, a gente tem observado um número muito grande de estrangeiros que não têm entendimento da nossa língua. Eles vêm para a cidade e procuram essas regiões mais simples para morar, com custo de vida mais baixo.”
Confira o depoimento de Letícia Maragno:
Fonte da matéria: Portal de Notícias da FioCruz Bahia
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