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Política de adoção no Brasil: entre exigências e expectativas


Wilson Carvalho e Cristina Navarro -  Foto: Ana Carolina Carvalho Adotar é mais do que um simples ato: é um gesto de solidariedade e de esperança. No Brasil, cerca de cinco mil crianças e adolescentes aguardam ansiosamente por um lar. Segundo o Sistema Nacional de Adoção (SNA), mais de 34 mil pessoas estão dispostas a adotar. É uma proporção notável, uma vez que para cada criança esperando por adoção, há cerca de sete famílias estão dispostas a acolher. No entanto, por trás desses números aparentemente esperançosos, há uma rede complexa de desafios e barreiras que moldam o processo de adoção no país. 


Uma das principais queixas das famílias adotantes é a burocracia. A terapeuta de família, Jadete Calixto, cita que a demora é, de fato, necessária para garantir a segurança e estabilidade do adotado. “É preciso que os profissionais da parada da infância, tanto psicólogos como assistentes sociais, avaliem muito bem a pessoa que está levando uma criança para casa”, ressalta. Um dos casos que mais a marcou foi a separação de um grupo de irmãos, devolvidos à instituição adotiva, ato que causa sequelas emocionais irreversíveis. “Não é brinquedo, é uma pessoa”, afirma. 

Por outro lado, o procedimento para adoção tem se tornado mais rápido, o que corrobora para o despreparo das famílias, conforme ratifica a assistente social Brunna Araújo: “Já tive casos de pais que se candidataram, fizeram esse processo em menos de 2 anos, e  na hora não dá certo, porque eles realmente não estavam preparados.” O preconceito contra indivíduos com necessidades especiais e grupos minoritários também é determinante na escolha dos pequenos. O número de menores disponíveis para adoção e que portam doenças ou alguma deficiência é quatro vezes maior que os perfis que estão, de fato, em processo de acolhimento. E esses grupos sofrem diariamente em busca de uma família, comparado aos 90% que não apresentam essas necessidades. “A preferência dos adotantes são bebês, brancos, crianças com menos de 5 anos”, confirma Araújo. 

Apesar de todas as dificuldades, casais que passaram por tudo, para construir uma família, garantem que vale a pena. É o caso de Wilson Carvalho e Cristina Navarro, pais da Ana Carolina. Para eles, a burocracia é absolutamente necessária para que os adotantes tenham condições financeiras e psicológicas, visando o bem-estar da criança. “Se tivesse que passar por tudo novamente, com o dobro das dificuldades, nós passaríamos com absoluta certeza!”, afirma Wilson.


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