top of page

Por que o cigarro eletrônico é tão atrativo para os jovens?

Dispositivo eletrônico proibido no país é o novo vício disfarçado de praticidade, vendido como moda.


Por: Pedro Athayde, Glória dos Santos e Vitória Goes


Os cigarros eletrônicos, comumente chamados de “vapes”, são cada vez mais vistos nas bocas dos jovens brasileiros, apesar da comercialização e propaganda ser proibida no país desde 2009, segundo Resolução n°46 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com decisão mantida em julho do ano passado. De acordo com a pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), um a cada cinco jovens de 18 a 24 anos consomem dispositivos eletrônicos para fumar (DEF): são 19,7% no total, ou seja, quase 20% da faixa etária.


Os DEFs têm um mecanismo que aquece diretamente a solução líquida de tabaco, liberando nicotina em vapor, método que gera doenças pulmonares, cardiovasculares, irregularidade no sistema imunológico e na regulação dos genes e dependência química. Contraindicados pela Organização Mundial da Saúde, conquistam o público predominantemente mais novo.


Mesmo sendo ilegal, comprar um cigarro eletrônico é tão acessível quanto comprar uma peça de roupa. Numa busca simples no Google, imediatamente, surgem numerosos sites de venda, assim como lojas físicas, no centro pelas metrópoles e em estabelecimentos dentro de shoppings. Enquanto um maço de cigarro comum é adquirido por cerca de R$5,00, o preço de um vape varia de R$30,00 a R$400,00, dependendo da quantidade de tragadas possíveis.


Marco Anthonio, de 21 anos, é usuário de POD há 6 anos. Segundo ele, a escolha do cigarro eletrônico se deu pela facilidade de consumo e, consequentemente, a saciação do desejo de modo rápido em qualquer tipo de ambiente, inclusive os fechados. “Eu decidi mudar para o POD por conta da facilidade. Querendo ou não, você só pega (o produto) e puxa.” Vale dizer que o design do produto facilita a camuflagem do cigarro, que pode ser confundido com com um simples relicário de pescoço.





Embalagem descolada

Uma das principais características dos também conhecidos como PODs é a embalagem em seus variados formatos de pen-drive, canetas e tubos, majoritariamente coloridos, que podem ser preenchidos por desenhos. O design do produto facilita, por exemplo, a camuflagem do cigarro, que pode ser confundido com um simples relicário de pescoço.



Embalagem customizada de cigarro eletrônico | Créditos de imagem: Parich Sitthichai (Pexels)

Aroma agradável

Diferentemente do cigarro à combustão do tabaco, os vapes fazem a nebulização da nicotina, o que gera um vapor misturado com flavorizantes de frutas e doces e deixa o cheiro e gosto mais agradável, sem o odor do monóxido de carbono.


Mito

Por conta da aparência não nociva e pela propaganda enganosa dos fabricantes ilegais, os jovens e adolescentes costumam achar que esse mero dispositivo eletrônico de aparência curiosa não causa danos à saúde. Porém, de acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), os níveis de toxicidade dos DEFs podem ser tão prejudiciais quanto os do cigarro tradicional, já que combinam substâncias tóxicas com outras que, muitas vezes, apenas mascaram os efeitos danosos. Dentre essas substâncias tóxicas, está a presença de metais pesados, como chumbo, ferro e níquel. A presença de tudo isso já é motivo suficiente para o desenvolvimento de inúmeras doenças, inclusive o câncer, doenças respiratórias e cardiovasculares. “É simples, tem maior variedade e cheiros agradáveis; é perfeito para chamar atenção e péssimo para a saúde.”, diz a médica Emily Barros.


Aceitação social

Durante a adolescência, os jovens desenvolvem um interesse à experimentação, inclusive ao uso de drogas. Nesta fase da vida, as pessoas procuram consolidar a sua identidade e querem se sentir pertencente a um grupo que as entusiasma. Da mesma narrativa criada antigamente para estimular o uso do cigarro comum, geralmente relacionado ao glamour e poder, atualmente também ocorre com o uso dos cigarros eletrônicos, agora com as ferramentas das redes sociais que proliferam o status de “cool” e os espaços coletivos com variados consumidores.








22 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page