top of page

Parábola dos Ceifadores ou da Figueira Fértil

Atualizado: 31 de mai. de 2023

Autor: Felipe Medeiros Silva



O ato fundador da nossa nação foi um ato de "desterramento".

O nome da nossa pátria, manchada de vermelho vivo,

Cor daquilo que foi tirado de nossa terra.


Já os atos seguintes cortaram novas raízes,

Raízes de gente.

De gente que já estava aqui,

De gente do outro lado do oceano.


E, de lá pra cá, essa gente vive de transplante:

Onde já não tem mais serventia para os "benevolentes" agricultores,

São cortadas suas raízes.

Sua terra, sua identidade, (des)matadas.

Não há tempo para criar novas e profundas raízes,

Logo, são cortadas mais uma vez.


As coisas, as pessoas, não têm mais seu lugar.

Tudo existe sob a vontade de quem revira a Terra,

Leva e põe o que quer, e deixa a morte para trás.


Mas, ao contrário, do que é coisa,

As gentes resistem.

Elas se lembram,

Elas lutam,

Elas gritam,

E elas vivem.

Apesar de vocês.


Poesia para a Mostra de Memória Cultural 2023 da FAPCOM, inspirada pelas palestra do coletivo Mobiliza Saracura Vai-Vai e da ONG CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Imigrante)

42 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page